sábado, 9 de outubro de 2010

O que me faz correr

Por quê, pra quê e pra quem? Outro dia vi uma entrevista do Lenine em que ele revelou que seu pai sempre o incentivava a fazer essas três perguntas no momento em que tinha que decidir fazer algumas coisas na vida. Parece simples, mas tente. Confesso que, sobre alguns aspectos de minha vida, não tive resposta para alguma ou para todas as perguntas. Ou as respostas não me foram satisfatórias. Mas há uma semana com o pé quebrado e triste por não poder treinar, resolvi fazer o exercício das três questões. Putz, como é fácil responder sobre aquilo que se tem certeza. Por quê? Porque há muito tempo (eu devia ter uns dez anos, então... há muito tempo mesmo) assisti a um filme na sessão da tarde em que uma mulher dava umas passadas pela manhã. Nem me lembro sobre o que era o filme. Não sei o nome da atriz, nem do ator, nem o nome do filme, nem nada. Absolutamente nada, a não ser que ela dava uma corridinha pela manhã. Duas cenas, não mais. Mas foi o que ficou. Achei lindo. Achei que ela era feliz naquele momento e quis ser feliz como ela. Só bem mais tarde fui colocar essa busca de felicidade por este meio em prática, mas a cena sempre povoou minhas lembranças. Ok, em frente. Pra quê? Fácil. Tudo a ver com a primeira resposta: pra ser feliz. Quando corro, nos primeiros vinte minutos a cabeça parece muito cheia e o balanço das passadas parece fazer os pensamentos e problemas borbulharem, se agitarem. Mas à medida que continuo, parece que com o movimento as coisas chatas vão caindo, escorregando, vão se esvaindo e dão lugar a planos maravilhosos, revigorantes para o futuro. Ao final da corrida, por mais estranho que possa parecer, estou mais inteira, mais pronta pra vida. A última pergunta, pra quem? Mais fácil ainda. Pra mim e pra todos que convivem comigo por opção ou obrigação. Depois de correr fico melhor comigo e com todos. Não Sartre, "o inferno não são os outros"! Inferno é ter que ficar 45 dias sem treinar!!!

Um comentário:

  1. Gostei.. Queria saber que filme é esse.
    Quanto ao inferno de ficar 45 dias sem treinar, recorro ao Maturana, que diz que nós, os seres humanos nos encontramos sempre vivendo em um contínuo transitar entre o inferno e o paraíso. E somente quando nos damos conta de que viver no inferno ou no paraíso é uma escolha nossa, conseguimos fluir.
    Ou, como dizia Sartre, "o que importa não é o que a vida faz conosco, mas o que fazemos com o que a vida faz conosco".

    Bjo

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